Especialmente indicadas para regiões de clima seco e quente, espécies mais resistentes levam o frescor de uma mata nativa para dentro da composição paisagística
Na hora de planejar o jardim, seja ele, residencial ou comercial, é importante pensar nas plantas adequadas, levando em conta não somente o resultado estético, mas também considerando o solo e as condições climáticas do ambiente. Como a região de Ribeirão Preto tem clima seco e quente, optar por plantas mais resistentes pode fazer a diferença no resultado final. Assim, são reduzidos os cuidados excessivos com manutenção, reposição de espécies e rega, além de facilitar a relação entre as pessoas e o jardim.
Neste quesito, a lista de opções adaptadas ao clima tropical brasileiro é imensa, já que o país é riquíssimo em espécies nativas e os produtores têm investido muito no cultivo de plantas selecionadas e melhoradas em laboratórios, em especial, aquelas destinadas a ambientes ensolarados em abundância. Algumas têm predominância de folhagem, como as palmeiras, as ravenalas, os ipês, as patas de elefante, os curculigos, guaimbés, jabuticabeiras, amoreiras, cicas, fênix, capins variados e também arbustos e forrações bem floridas e coloridas, como íris, crótons, antúrios e odontonemas.
O direcionamento na escolha e na composição dessas espécies é escolher o que melhor harmoniza com a arquitetura que se está trabalhando. De acordo com a arquiteta e paisagista Andréa Esteves Palucci, existe uma tendência forte no paisagismo de reproduzir algo mais próximo possível do natural, do ambiente nativo de mata densa, em que a ideia é buscar por jardins nos quais não se perceba claramente onde um canteiro começa e outro termina. “A proposta é fazer uma mistura intencional de volumes e texturas monocromáticas — verde — com o intuito de proporcionar o frescor de uma mata para dentro dos jardins. Isso emplaca na necessidade de uma quantidade maior de mudas plantadas por metro quadrado e portes cada vez maiores dessas espécies”, orienta Andréa.
Rústico tropical
Além do verde predominante nos jardins tropicais, Josiane Saqueto queria um espaço florido e colorido, então, Andréa indicou plantas, árvores e forrações que atendessem ao seu pedido, mas que também resistissem bem ao clima quente ribeirãopretano. A escolha das espécies foi feita em conjunto com a profissional. “Andrea captou muito bem a nossa necessidade. Ela nos deu toda liberdade em colaborar no projeto paisagístico, porém, sempre indicando o que ficaria mais bonito, mais fácil de cuidar e que se adaptasse melhor ao ambiente”, destaca Josiane. A fácil manutenção também foi viabilizada por meio de um sistema de irrigação automatizado, com poda e adubação realizadas mensalmente.
A proposta elaborada para Josiane foi de um jardim cheio de texturas e cores, com uma tendência ao rústico tropical, mas um espaço despretensioso de formas e descomprometido com limites. “Algumas espécies proporcionam esse efeito. Normalmente, são usados arbustos com podas reduzidas, como costela de adão, capins variados, pleomeres variegatas, dionelas, leias rubras, dracenas vermelhas, bambusas, singonias, alpínias, purpurattas, hemígrafis e, ainda, algumas árvores como ipês e palmeiras, como caryotas e washingtônias”, revela Andréa.
Josiane aponta que, além das frutíferas como a jabuticabeira, a aceroleira e o limoeiro, a junção dos seus pedidos e da orientação profissional acarretou em um paisagismo único, com personalidade e que, em menos de um ano de implantado, já responde com saúde e vigor.
Frescor e bem-estar
Regina Celia Guarita Crochiquia chegou a Ribeirao Preto, recentemente, vinda de uma cidade com clima bem ameno. Sempre gostou de ter e cuidar de plantas, pois, como filha de agrônomo, herdou a paixão pela natureza. Andrea revela que sua primeira lista de pedidos continha algumas plantas que não seriam possíveis de se manterem saudáveis na cidade. Entre elas, estavam antúrios, impátiens e hortênsias. Para equilibrar os pedidos, usando algumas espécies de clima mais ameno, Andrea buscou locais com menor incidência de sol, como o jardim de inverno.
Nos demais espaços ensolarados da casa, a paisagista supriu a falta das flores menos resistentes ao sol com folhagens e maciços coloridos, como crótons e plantas com flores bem exóticas, como odontonema e íris. Assim, o jardim teria as características importantes para a cliente. Além dessas espécies, outras plantas ajudaram na composição da proposta, como palmeira azul, fênix, cica, buchinho, ravenala, dracena vermelha, barba de serpente, helicônia, strelitzia, alpinia purpurata e gardênia.
Tudo foi elaborado com flores ou um colorido particular que imprime o gosto e o perfil de Regina. “Sempre priorizei as minhas escolhas, mas a opinião e a orientação de um profissional é imprescindível para o resultado final do projeto”, ressalta Regina.
Escolha acertada
Analisar o porte depois de formadas as espécies é tão importante quanto fazer a escolha entre locais de sol ou de sombra. Há 16 anos trabalhando com a conscientização da importância de ter uma orientação no momento de planejar o espaço verde, Andrea aponta que a elaboração do projeto paisagístico é a garantia de um investimento único e assertivo, evitando gastos com implantações fracassadas e perdas de plantas. Isso garante um jardim bonito e saudável.
Segundo a profissional, para oferecer e manter um jardim tropical, é importante boa quantidade de água, adubação frequente, controle de pragas (pulgões, lagartas, formigas e besouros), manutenção de poda e retirada de folhas velhas. “Indicamos que esses cuidados sejam mensais e feitos por equipe com experiência para controlar e garantir a saúde do jardim”, indica Andréa, lembrando que a fácil manutenção foi o parâmetro que norteou o paisagismo em sua casa.
Refúgio
Em seu jardim, Andréa também cultiva uma jabuticabeira, responsável por criar um refugio mais acolhedor. “Nela, colocamos um balanço e nosso ambiente de estar é abaixo de sua sombra. Ela me acompanha desde criança. Veio comigo no período de construção da casa e é o maior xodó das minhas filhas, Ísis e Betina.
Estilo preservado
Neste projeto para o jardim de Evillym Piffer Borgato, as plantas resistentes ao sol foram escolhidas em conjunto com a paisagista, que apresentou várias opções, sempre indicando o que seria mais interessante e harmonizaria melhor com o estilo de vida dos moradores da casa e também com o clima da cidade, bem quente. “Com isso, o paisagismo completou com beleza e harmonia a nossa casa”, frisa Evillym. A manutenção, de acordo com ela, é simples e realizada uma ou duas vezes ao mês, sem grandes problemas, pois são plantas bem adaptáveis e resistentes às condições climáticas da cidade.
Neste projeto, o desafio da paisagista foi resolver, primeiramente, a questão da privacidade. A partir daí, outros pontos, como a manutenção prática e a predominância do verde, foram ajudando a formar o projeto paisagístico da casa. “Usamos uma trepadeira bem conhecida por sua agressividade em crescimento, a tumbérgia, para obter o fechamento da área social da residência o mais rápido possível e ela se tornou pano de fundo para jardim que viria”, explica Andréa. Neste jardim, foram utilizados espécies como fênix, curculigo, guaimbé, jasmim manga, palmeira latânia azul, pleomere verde, pinanga, murta, lança-de- são-jorge, entre outras.